Uísque Japonês

Se me perguntassem sobre uísques japoneses há 15 anos atrás confesso que nada saberia dizer, no entanto nos últimos anos eles tem surpreendido o mundo das bebidas ganhando prêmios em concursos internacionais e sendo destaques em diversas revistas especializadas pelo mundo. O uísque japonês mostrou ao mundo com seus estilos de uísques, que não se bebe apenas uísque escocês e americano e sem a necessidade de rivalidade até porque existe uísque com estilos bem diferentes produzidos por lá inclusive uísque de arroz; muito embora a inspiração para produção de seus uísques, os japoneses buscaram na Escócia. O Japão conseguiu criar uma áurea sobre seus produtos, misturando tradição escocesa com inovação e disciplina japonesa. Ficou curioso? Então vamos mergulhar na história e entender porque os uísques japoneses tem feito sucesso pelo mundo e porque são bem caros né.

Como o Uísque começou a ser produzido

Tradição na Fabricação de Saquê

Nascido em 1894, Masataka Taketsuru foi o terceiro filho de uma família de fabricantes de saquê em Takehara, província de Hiroshima. Tendo crescido em torno da cultura e do ambiente da fabricação de saquê, o próprio Taketsuru comentou sobre o rigor da operação de sua família:

“Não é permitida a entrada de mulheres na cervejaria, escolha apenas a melhor levedura e abstenha-se de maus hábitos”.

Tudo com o objetivo de manter a qualidade do saquê e o nome da cervejaria. Uma abordagem rígida para fazer álcool era sua parte de sua herança.

Após a primeira guerra ele foi escolhido pela família para viajar e estudar química na Universidade de Glasgow, e que se candidatou em uma vaga de estagiário em uma destilaria de uísque e que após vários anos de estudos retomou ao Japão e em parceria com o empresário Shinjiro Torii importador de álcool e juntos começaram fundaram a destilaria Yamazaki e deram início a produção de uisques, na verdade o uísque já era produzido no japão desde 1800, mas somente se tornou disponível em 1920 quando a Yamazaki foi aberta.

Após alguns anos juntos os dois empresários começaram a ter divergências na forma de produzir uísque japonês e em 1934 após aproximadamente dez anos juntos Taketsuru construiu sua própria destilaria em Hokkaido e o nome dado a empresa foi Kotobukiya que depois virou Suntory e atualmente Beam Suntory. A empresa cresceu juntamente com o uísque, mas o maior consumo de seus produtos era predominantemente o mercado interno até os anos de 2000, quando seus uísques conquistaram prêmios importantes no Whiskey Magazine Awards e International Spirits Challenge e Jim Murray´s Whisky Bible.

Com essas conquistas vieram o reconhecimento internacional e se tornaram uma nova sensação no mercado de whiskies com diversas marcas japonesas se arriscando cada vez mais no mercado internacional.

Por que os uísques japoneses são caros?

Respondendo de forma direta é simplesmente lei da oferta e procura. Com o sucesso dos uísques japoneses aumentando cada vez mais, a produção não consegue acompanhar, ao contrário do saquê, vinho e da cerveja, o uísque leva 12 anos para ser fabricado e podem chegar a 30 anos ou mais.

Ou seja, entre o início da produção até o produto ser vendido há um aumento significativo de consumidores enquanto a produção não acompanha, logo o que sobe é o preço. Entra em cena a lei da escassez.

Outro fator importante relatar que segundo pesquisas o consumo de saquês no Japão vem caindo nos últimos anos, mas não queda no consumo, mas sim uma migração da população mais jovem que preferi deixar de lado a associação com o passado optando pelo consumo de outras bebidas onde entre elas o whisky.

O que prova isso é que nos últimos anos os produtos envelhecidos como os uísques Yamazaki e Hibiki faltaram nas lojas especializadas em bebidas e muitos supermercados ficaram sem estoque.

Nos últimos anos, alimentos muito amadurecidos, como Yamazaki e Hibiki, ficaram sem estoque em lojas de bebidas e supermercados, e estão ficando sem estoque e devido à sua raridade (falta), o preço mais que dobrou aumentando o lucro nas vendas do produto.

Segundo consta que para contornar essa situação as empresas estão investindo muito para aumentar a produção e se estruturando e se configurando para enfrentarem uma nova
realidade nascendo a possibilidade de lançamento de novos produtos misturados ou até mesmo não envelhecidos. O tempo vai dizer, mas assim como acontece na Escócia e nos Estados Unidos, provavelmente novas categorias de uísque devem serem criados para enfrentar a demanda. Aguardemos

Continua na segunda parte ” Como é destilado o uísque japonês ? ”