Collins – O que há por detrás do coquetel
Especial Esquenta Black friday
História do coquetel contada com finas borbulhas refrescantes
Tom Collins é um coquetel clássico preparado com gim, açúcar, limão e água com gás.
Olhando assim a receita é bem simples, de estilo sour composta de três ingredientes com acréscimo da água gasosa. Sim é isso mesmo, mas você sabe o que tem por trás deste clássico com praticamente um século e meio de idade?
Então vamos adentrar por trás do balcão do bar e viajar na história.
Estamos em 1874, Nova Iorque, os dias são turbulentos e a cidade vive dias de manifestações e conflitos entre civis desempregados e a polícia, reflexo dos acontecimentos que tiveram início no ano anterior que ficou conhecido como “Pânico de 1873”, a crise financeira que desencadeou uma depressão econômica na Europa e na América do Norte e durou de 1873 a 1877. A cidade crescia desordenadamente, com a chegada de um número maior de imigrantes.
Sem planejamento adequado para atender a demanda, o descontentamento explodiu. Motins ocorrendo, diversos confrontos ocorriam em várias regiões ao mesmo tempo, enquanto a sociedade crescia com a chegada de mais imigrantes, vindo das mais variadas regiões da Europa. O progresso foi bem radical, construído debaixo de grande instabilidade e grandes conflitos, devido ao crescimento populacional ter acontecido muito além de sua capacidade. Mas mesmo com todos os problemas o período viria a ser conhecido como “A Era Dourada”. Uma das razões é que os Estados Unidos estavam prestes a comemorar seu primeiro centenário, com isso alcançaria seu novo marco na história.
Com este pano de fundo posso começar a falar do Tom Collins. A história deste clássico passa pelo coração de Nova York, assim como outras bebidas. Tavernas, saloons e bares foram o lugar para homens se encontrarem, conversarem, jogarem e claro beberem. Lugares como Fraunces Tavern, bar ainda existente, patrocinado por pessoas importantes do século XVIII, como George Washington e seus soldados, como afirma o jornal The New York Times na edição de 23 de novembro de 2018, por Dan Saltzstein. O notável Bartender e “Professor” Jerry Thomas abriu uma serie de bares na cidade, incluindo um saloon abaixo do Barnum’s American Museum em 1850. “A atmosfera nesses bares costumava ser hostil e rude, o piso era composto de serragem, os clientes tinham o hábito de escarrar nos cantos dos bares. Brigas aconteciam constantemente em pequenos intervalos. Era o normal da época.”
Há uma boa discussão sobre sua real origem, alguns afirmam que seu nome original era John Collins, e que se referia ao nome da pessoa responsável pela equipe de garçons e do bar e que havia trabalhado no Limmer´s Hotel em Londres.
Em 1878, Jerry Thomas incluiu essa bebida em seu livro, cuja história era mais conhecida com nome de uma fraude. NA receita ele utiliza Old Tom gim, gim adocicado muito utilizado no periodo. A fraude ou pegadinha ficou conhecida como The Great Tom Collins Hoax (a grande farsa). A história ou farsa era contada como receita para de dispensar um amigo indesejável e circulava nos bares e nos jornais da época como relata o Daily Republican no seguinte artigo:
“Tom Collins está entre nós. O indivíduo mantém sua triste atividade de caluniar cidadãos de bem todos os dias. Acreditamos que ele conseguiu escapar deixando o lugar poucos minutos antes da chegada de seus perseguidores. Mas hoje em dia, está sendo observado com a máxima vigilância”.
Pelo que li a história era mais ou menos assim. “Você viu Tom Collins? Se você não viu, talvez seja melhor procurá-lo e encontrá-lo o mais rápido possível, ele está falando mal de você. Fala de forma muito grosseira, anda te xingando em público e induz as pessoas a acreditar que você roubaria por qualquer coisa as escondidas, e que é não é bom conviver com você. E como você é meu amigo acho melhor encontrá-lo, claro não quero incomodá-lo, mas é melhor prestar mais atenção no Sr. Tom Collins”. Essa era a farsa contada para que o amigo indesejável saísse raivoso em busca do “tal Tom Collins”.
Isso me lembra uma frase utilizada por nós brasileiros, quando alguém está nos perturbando, nos enchendo: “Vai ver se estou na esquina”, ao que me parece toda a história se resume a isso.
Porém se acredita também que a receita original se chamava John Collins conforme mencionei acima e que surgiu em Londres ou que pode ter sido uma versão do Old Tom Gim que usava um gim levemente adocicado em sua receita. De qualquer forma sendo farsa ou verdadeira a receita é uma clássico e sobre essa receita muitas outras surgiram e surgem até os dia de hoje como Run Collins, Michael Collins, com whisky irlandês, Bourbon Collins, Phil Collins, não sei se foi feita em homenagem ao cantor, Dutch Collins, com Genever, Jose Collins com tequila, Pierre Collins, com cognac, Vodka Collins e outras receitas.
RECEITAS
JOHN COLLINS
- 60 ml London Dry Gim
- 30 ml xarope de açúcar
- 15 ml suco de limão siciliano
- Lance de água com gás
Bata os ingredientes na coqueteleira com gelo, passe para um copo Collins com gelo e finalize com água com gás. Acrescente laranja e cereja ao maraschino.
TOM COLLINS
Receita do livro ‘The Bartender’s Guide’, Jerry Thomas. página 91 (1876):
- Pegue 5 ou 6 lances de xarope de açúcar
- Suco de um pequeno limão
- 1 copo grande de gim
- 2 ou 3 cubos de gelo
MODO DE PREPARO
Coloque na coqueteleira bata, coloque em um copo Collins e finalize com lance de água gasosa.
A receita é substituição do whisky por gim. No livro não há indicação de qual estilo de gim foi usado se London Dry ou Holland gin.
Saúde!
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